MEMORIAL DE LEITURA

“Os prazeres da leitura são múltiplos lemos para saber, para compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da linguagem, para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos para compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar (há várias maneiras de sonhar...)”.
A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros...”
José Moraes- Escritor.

Minha trajetória com a leitura foi um pouco lenta. Em minha infância não tive oportunidade de conviver com livros literários. O livro dos quais tinha contato era o da escola. Mas lembro que minha mãe apesar de não ter estudo, se preocupava muito em ensinar a soletrar as letras e nos acompanhava em nossa vida escolar, pois era preocupada em nos oferecer uma vida digna, por isso não se cansava de fazer com que frequentássemos a escola e todas as noites se dedicava em nos ensinar a ler e a escrever, dentro de suas limitações.

Sempre vivi em ambientes escassos de livros, estudei em escolas desprovidas de materiais e no antigo ginásio do qual eu freqüentei, não me lembro de professores que tenha me estimulado o gosto e o prazer pela leitura. O que me marcou muito foi as famosas redação, com temas livre.

Apesar de meu pai estar mais ausente em nossa vida escolar e também não ter estudado ( só o primário) mesmo sendo filho de professor, ele nos deu um bom exemplo de leitor, pois nunca dormia sem antes ler o jornal, o qual até hoje lê mesmo estando com a saúde debilitada.

Na minha adolescência comecei a ler livros de romance, influenciada pela minha irmã mais velha a qual amanhecia lendo (Julia, Bianca) livros de romance os quais na época eram vendidos em bancas de revistas. Devorava praticamente um por dia, com eles me permitia viajar, sonhar, imaginar o príncipe encantado.

Durante o período em que cursei o antigo 2º Grau, não recordo que fôssemos estimulados a ler, a não ser alguns livros clássicos que deveriam ser lidos por obrigação.
Comecei a faculdade de Letras, lá me deparei com o professor de literatura que era excepcional, mas eu não conseguia analisar as obras sob o mesmo prisma que ele. Me apavorei nos primeiros dias.Aos pouco fui me inteirando e aprendendo a analisar os autores sob diferentes ângulos, pois a vida me pedia leitura, era necessário para poder acompanhar essa trajetória de acadêmica, os quais me marcaram e auxiliaram muito os teóricos como Paulo Freire,Vygotsky, Piaget, Rubem Alves...Dediquei-me de corpo e alma e nesse período me vi nascer como educadora. Os professores eram maravilhosos amavam o que faziam. A professora Verli , me proporcionou um verdadeiro encontro com a literatura, pois falava com a alma. Aí, li muitas obras de José de Alencar, Fernando Pessoa, José Lins do Rego, Guimarães Rosa, Gabriel Garcia Marques, Castro Alves, Érico Veríssimo, Machado de Assis e tantos outros.

Hoje minha forma de ler mudou muito, pois os livros me ajudaram a ver o mundo em suas múltiplas linguagem.


MEMORIAL- relato de minha experiência como educadora.

Sou professora há vinte e seis anos, sempre quis ser, desde criança já brincava escrevendo nas paredes do galpão da casa, com os pedacinhos de giz que juntava na escola, imaginava os alunos e repassava tudo o que tinha visto durante a aula.Lembro também que havia um senhor que ajudava meu pai na lavoura e não sabia ler nem escrever tinha muita vontade de aprender. Naquela época existia o MOBRAL- Método de Alfabetização para Adulto e eu consegui uma cartilha e a noite eu e minha irmã que também hoje é professora ensinávamos ele a ler e escrever.

Quando comecei a trabalhar em uma escola do interior do município desprovida de tudo, com turmas multiseriada, ainda não estava cursando a faculdade. Foi nessa escola que percebi que poderia fazer algo para ajudar aquelas crianças e que poderia aprender com elas.

Em 2001 conclui minha graduação em Letras- Habilitação Português, Espanhol e Respectivas Literaturas, na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI – Campus Santiago –RS.

Entre muitas teorias e práticas fui percebendo que a escola vai muito além de conteúdos programáticos,pois é também um espaço de formação humana.

Hoje, me sinto uma pessoa realizada na minha profissão, pois já tive várias experiências com turmas de crianças e adolescentes em diversas áreas do conhecimento. A dificuldade de ensinar hoje é enorme, mas procuro sempre ter um bom relacionamento com meus alunos e passar um pouco de entusiasmo com as letras,sendo a maior dificuldade que encontro é a falta de vontade de aprender e o desinteresse pela leitura. Ás vezes sinto um grande vazio, mas dentro de minha alma de educadora tenho a convicção de que estou dando o melhor de mim.

Por isso, estou cada vez mais consciente de que para acompanhar a evolução de nossos alunos hoje, precisamos buscar cada vez mais informações e orientações sobre as novas tecnologias, para não ficarmos parados no tempo. A educação precisa se adequar a essas mudanças, precisamos buscar novos caminhos, precisamos estar sempre em construção, reconstrução e transformação.

Formadora: Maria Aparecida Andres Nascimento

Bossoroca-RS